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  • Um esqueleto entra no bar…
    27.11.2020—25.04.2021
    INAUGURAÇÃO: 26.11.2020
    Co-produção UMA LULIK__ e FLR – Fundação Leal Rios
    Curadoria:



    Um esqueleto entra no bar...

    Vista de Exposição
    © UMA LULIK_ & Bruno Lopes





    Um esqueleto entra no bar...

    Vista de Exposição
    © UMA LULIK_ & Bruno Lopes





    Um esqueleto entra no bar...

    Vista de Exposição
    © UMA LULIK_ & Bruno Lopes





    Sem Título, 2020 (detalhe)

    Instalação de luz, esferas de quartzo e vidro cristal, rede de alumínios. Dimensões Variáveis
    © UMA LULIK_ & Bruno Lopes





    Sem Título, 2020

    Carvão sobre alumínio, 130 x 130 cm
    © UMA LULIK_ & Bruno Lopes





    Sem Título, 2020

    Carvão sobre alumínio, 200 x 130 cm
    © UMA LULIK_ & Bruno Lopes





    Um esqueleto entra no bar...

    Vista de Exposição
    © UMA LULIK_ & Bruno Lopes





    Sem Título, 2020, (detalhe)

    Instalação de luz, esferas de quartzo e vidro cristal. Dimensões Variáveis
    © UMA LULIK_ & Bruno Lopes





    Silhuetas emergem de uma bruma densa e luminosa.
    Esferas dissolvem-se em parenteses, átomos hipertrofiados do tamanho de melões, lingotes de carne lunar e, depois, bocais e mamilos estranhos, como se o Ser fosse algo imaterial, líquido, a escorrer de um tubo. A etimologia de galáxia é gala, a palavra grega para leite.
    Talvez estas imagens sejam distrações. Epifenomenais à sua própria realidade, pequenos grãos de escuridão que criam luz pela sua oposta ausência: átomos de carbono sobre o vazio do alumínio.
    O carvão e a folha metálica tornam-se metáfora pela sua própria especificidade, mas sob a beleza da sua forma projectada está apenas um esboço de densidade e demarcação.
    Será aquilo um halo sem santo ou anel de saturno isolado? O prepúcio de Cristo ou um fragmento casual de matemática? Quando os intervalos são puramente uma questão de proporção relativa, será que o tamanho importa?
    Imagens que consistem em nada mais que luz manipulada, de inexorável perfeição, a metáfora mais antiga de todas – dia e noite, bem e mal, a luz como Ser e escuridão como não-Ser – o mesmo em complexidade crescente, mas o que é que isso interessa?
    Yin e Yang entram num bar. Yin diz bebo uma caneca desse Ser, Yang diz tomo o mesmo, mas quero uma Weissbier e uma Schwarz. Cerveja preta com espuma branca, cerveja branca com preta. Os alemães sempre tiveram uma queda para a ontologia. O barman pergunta porque é que o monge Zen não aspirou os cantos do quarto? Não sei, diz um, porquê? Porque não tinha acessórios. Tem graça, diz o outro. E a harmonia é restaurada.
    O vazio* pode ser transformado em verbo**, mas geralmente, é um substantivo ou adjectivo. Como na antiquada platitude cosmológica “a natureza abomina o vazio.” Sabemos agora não ser verdade. A maior parte do universo é vazio, vazio em expansão, a luz capturada na sua expansão, estendendo e alterando-se para vermelho como o feixe luminoso de uma sirene. Para ser franco, o movimento das estrelas ultrapassa-me.
    O antigo filósofo Demócrito, que ainda é lembrado pelo seu atomismo austero, (uma espécie de física quântica prototípica), também era conhecido pela sua gargalhada persistente perante o absurdo de pensarmos que sabemos seja o que for. Não existe nada além de átomos e vazio, escreveu. O resto é opinião.
    Se a arte deve ser simultaneamente simples e complexa, ela parece estar a cumprir a sua tarefa.

    – Alan Fishbone, Novembro 2020


    *Nota de tradução:
    No texto original, o termo utilizado é vacuum (vácuo), fazendo um jogo de palavras entre o acto de aspirar (to vacuum; citado no parágrafo anterior) e o conceito de vácuo, vazio.
    Por uma questão de dificuldade na correspondência entre as línguas, inglês e português, optou-se por adoptar o termo vazio como tradução de vacuum.
    **Como em esvaziar.



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