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  • We Are Also The Ghosts
    16.09.2022—22.10.2022
    INAUGURAÇÃO: 15.09.2022
    Curadoria:



    Return, 2022

    Carvão, vidro, Cabo de aço
    260 x 300 x 500 cm
    Única
    © Bruno Lopes





    We Are Also The Ghosts

    Vista Geral
    © Bruno Lopes





    In Between, 2022

    Carvão, vidro, resina
    26 x 120 x 7 cm
    Única
    © Bruno Lopes





    Lâminas, 2022

    Vidro, ferro
    116 x 120 x 7 cm
    Única
    © Bruno Lopes





    We Are Also The Ghosts

    Vista Geral
    © Bruno Lopes





    All the ghosts #07, 2022

    Carvão sobre papel
    100 x 70 cm
    Única
    © Bruno Lopes





    A exposição de Catarina Mil-Homens We Are Also The Ghosts na UMA LULIK__ explora ativamente a dinâmica da corporeidade com o objetivo de ir além da dimensão física para questionar a relação entre mente e corpo. Esta exposição continua a investigação desenvolvida pela artista sobre a mente humana ligada à sua dimensão material, explorando as relações entre matéria e não-matéria.

    De regresso a Portugal após oito anos na Austrália, Catarina Mil-Homens (nascida em 1979, vive e trabalha em Lisboa) desenvolveu e produziu uma nova série de obras, agora apresentadas no novo espaço da galeria.

    Aqui, a artista expõe esculturas, instalações e um vídeo que, à primeira vista, são altamente físicos e detalhadamente sensíveis. Dando tangibilidade à sua visão a partir de desenhos preparatórios abstratos, Mil-Homens traça, produz e combina-os no espaço. A sua pesquisa das formas resulta numa linguagem que acumula e sobrepõe elementos tridimensionais, que são depois suspensos na parede. A artista utiliza materiais industriais resistentes (vidro, carvão, resina, metal) e elementos naturais (casca de madeira) com grande precisão e delicadeza. Transformados, estes materiais (como o vidro) capturam e difratam a luz no espaço. A exposição é apresentada como uma banda sonora dinâmica baseada no ritmo e repetição entre as várias densidades que são reveladas pela transfiguração da luz.

    A exposição abre com uma forma negra que absorve e conduz a luz através do vidro vertical. Esta instalação investiga a relação entre o interior e o exterior e, em última análise, entre o eu e o mundo, para convidar o visitante a assumir o papel de participante ativo. Uma forma triangular vazia — que produz perspetiva através da sua superfície flutuante de carvão — sugere um caminho que abre novas possibilidades para um envolvimento mais profundo com o trabalho. Esta peça de chão questiona a sua própria vulnerabilidade, interrogando-se sobre como manter a sua integridade.

    A sala principal apresenta quatro novos trabalhos, incluindo a grande peça de parede We Are Also The Ghosts, como a tradução de um desenho que parece uma grelha vibrante. Esta instalação é composta por cabos verticais que suportam trinta elementos de vidro recortado suspensos, quase todos horizontais, num jogo intenso de sobreposições entre cada camada. Esta acumulação pode ser explorada como uma variação da cor natural do vidro verde, fragmentando o nosso reflexo e aprofundando a nossa perceção. Reunindo formas diferentes nesta nova composição, a artista vê este gesto como uma questão que permanece em aberto. Poderá ser uma maneira de reunir diferentes facetas de si e criar espaço para uma consciência momentânea, ainda que permaneça sempre uma perceção incompleta de nós mesmos.

    Na parede oposta, Lâminas é uma série de cinco obras colocadas umas sobre as outras que dá seguimento à pesquisa obsessiva e meditativa da artista sobre os processos de acumulação de camadas de materiais diferentes. As longas lâminas de vidro são cortadas à mão e empilhadas horizontalmente em cima de uma barra de metal, mantendo as suas imperfeições. Desta forma, o vidro irregular desfia e quebra a luz. Esta coluna vertical de estruturas em equilíbrio corre ao longo de uma parede e define o espaço alternando volumes positivos e negativos de tamanho idêntico, uma homenagem aos stacks de Donald Judd.

    No escopo desta abordagem, relacionando medida e repetição, a peça dupla In Between flutua na parede no seus elementos paralelos. Um estudo da gravidade, a obra relaciona-se com a água e a linha do horizonte e é composta por pó de carvão aglomerado, resina líquida e vidro sólido triturado.

    O processo de empilhamento de uma série de elementos recortados também aparece em Mortalhas. A partir da casca de uma enorme árvore que a artista visitava todos os dias, este projeto inicia-se com a recoleção desta casca e com a sua relação com o papel que usa para desenhar. Mil-Homens inspirou-se na fragilidade e delicadeza das tiras de madeira reminiscentes de mortalhas de linho ou papel. O caráter de cada uma destas tiras levou-a a fotografá-las como mortalhas nostálgicas para criar um diaporama (que é exibido no piso superior) antes de combinar o conjunto na forma de uma escultura.

    A voz de Catarina é transportada para cada uma das suas obras juntamente com o seu conjunto entrelaçado de valores. Não nos conhecemos pessoalmente, mas temos uma compreensão natural um do outro. Cada um de nós tem um espaço além da nossa mera presença física, e as condições da nossa conversa apenas amplificaram o âmago das suas convicções. Durante a nossa interação, ela esteve sempre presente mentalmente para reforçar a minha presença física. Na sua perceção singular, as suas obras de arte são o resultado de acumulações que nos identificam sem chegarem ao ponto de nos definir. O seu processo está enraizado numa pesquisa espiritual e filosófica, mas permanece instintivo e intuitivo.

    Gregory Lang
    Setembro 2022



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